Como economizar água e energia com o paisagismo sustentável
Introdução
O paisagismo sustentável é uma forma de planejar, projetar e manter os espaços verdes de forma a respeitar e valorizar o meio ambiente, a biodiversidade e a cultura local. O paisagismo sustentável busca criar ambientes que sejam não apenas bonitos, mas também funcionais, econômicos e ecológicos.
O paisagismo sustentável pode contribuir para a economia de água e energia de diversas maneiras, trazendo benefícios tanto para os proprietários quanto para a sociedade. Por exemplo, o paisagismo sustentável pode:
Reduzir o consumo de água potável, ao utilizar plantas que demandem menos irrigação, aproveitar a água da chuva ou reutilizar a água cinza .
Diminuir o desperdício de água, ao evitar o escoamento superficial e a erosão, favorecendo a infiltração da água no solo e a recarga dos lençóis freáticos .
Melhorar a qualidade da água, ao filtrar as impurezas e os poluentes presentes na água da chuva ou na água cinza, antes de devolvê-las ao ciclo hidrológico .
Reduzir o consumo de energia elétrica, ao proporcionar um conforto térmico natural, diminuindo a necessidade de ar-condicionado ou aquecimento .
Gerar energia limpa e renovável, ao integrar painéis solares ou eólicos ao projeto paisagístico, que podem ser usados para iluminação, bombeamento ou outros usos .
Alguns exemplos práticos de paisagismo sustentável são:
O Jardim Botânico de Curitiba, que possui uma cobertura verde sobre o edifício principal, que reduz o efeito ilha de calor e melhora o conforto térmico.
O Parque Ibirapuera, em São Paulo, que possui um sistema de captação e tratamento da água da chuva, que é usada para irrigar as áreas verdes e abastecer os lagos artificiais.
O Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, que possui painéis solares que se movem de acordo com a posição do sol, gerando energia suficiente para suprir 40% das necessidades do edifício.
Desenvolvimento:
PRÁTICAS DE PAISAGISMO SUSTENTÁVEL
PRIMEIRA
Uma das principais práticas do paisagismo sustentável é escolher plantas nativas ou adaptadas ao clima local, que demandem menos água e manutenção. Essas plantas são mais resistentes às condições climáticas e às pragas, reduzindo a necessidade de rega, adubação e pesticidas . Além disso, essas plantas contribuem para a preservação da biodiversidade e da identidade cultural da região.
Algumas dicas para escolher as plantas adequadas para o paisagismo sustentável são:
Pesquisar as espécies nativas da região, que sejam compatíveis com o tipo de solo, a exposição solar e a umidade do local.
Preferir plantas perenes, que não precisam ser replantadas a cada estação, e que tenham um ciclo de vida longo.
Evitar plantas invasoras, que possam competir ou prejudicar as espécies nativas ou as culturas agrícolas.
Diversificar as espécies, criando diferentes camadas de vegetação, que proporcionem sombra, abrigo e alimento para a fauna local.
Harmonizar as cores, as formas e as texturas das plantas, criando um visual agradável e equilibrado.
Alguns exemplos de plantas nativas ou adaptadas ao clima brasileiro, que podem ser usadas no paisagismo sustentável são:
Bromélias: São plantas ornamentais, que possuem uma grande variedade de cores, formas e tamanhos. São adaptadas ao clima tropical e subtropical, e podem ser cultivadas em vasos, canteiros ou sobre outras plantas. Não necessitam de muita água, pois armazenam a água da chuva em suas folhas .
Cactos: São plantas suculentas, que possuem espinhos e flores. São adaptados ao clima árido e semiárido, e podem ser cultivados em vasos, jardins ou muros. Não necessitam de muita água, pois armazenam a água em seus tecidos .
Orquídeas: São plantas delicadas, que possuem flores de diversas cores e formas. São adaptadas ao clima tropical e subtropical, e podem ser cultivadas em vasos, troncos ou pedras. Necessitam de pouca água, pois absorvem a umidade do ar .
SEGUNDA
Outra prática do paisagismo sustentável é utilizar sistemas de irrigação inteligentes, que aproveitem a água da chuva, reutilizem a água cinza ou usem sensores de umidade para controlar a quantidade de água aplicada. Esses sistemas permitem economizar água potável, reduzir o desperdício de água e otimizar o uso da água de acordo com as necessidades das plantas.
A água da chuva pode ser captada por meio de calhas, cisternas ou reservatórios, e armazenada para uso posterior. A água cinza é a água proveniente de pias, chuveiros ou máquinas de lavar, que pode ser tratada e reutilizada para fins não potáveis, como irrigação ou limpeza. Os sensores de umidade são dispositivos que medem o nível de umidade do solo e acionam o sistema de irrigação somente quando necessário, evitando o excesso ou a falta de água.
Algumas dicas para utilizar sistemas de irrigação inteligentes são:
Planejar o sistema de irrigação de acordo com o tipo de solo, a topografia, a exposição solar e as espécies vegetais do local.
Preferir sistemas de irrigação por gotejamento, que aplicam a água diretamente na raiz das plantas, evitando a evaporação e o escorrimento.
Instalar filtros, válvulas e reguladores de pressão, que evitem o entupimento e o vazamento dos sistemas de irrigação.
Monitorar e manter os sistemas de irrigação, verificando o funcionamento, a limpeza e a calibração dos equipamentos.
Alguns exemplos de sistemas de irrigação inteligentes são:
O sistema de irrigação por gotejamento solar, que utiliza painéis solares para bombear a água da chuva ou da água cinza para os canteiros, sem depender da rede elétrica.
O sistema de irrigação por sensor de umidade, que utiliza sensores sem fio para medir a umidade do solo e enviar os dados para um aplicativo no celular, que permite controlar a irrigação à distância.
O sistema de irrigação por aspersão inteligente, que utiliza sensores meteorológicos para ajustar a quantidade e o tempo de irrigação de acordo com as condições climáticas.
TERCEIRA
Uma terceira prática do paisagismo sustentável é criar áreas permeáveis, que favoreçam a infiltração da água no solo e evitem o escoamento superficial e a erosão. As áreas permeáveis são aquelas que permitem a passagem da água da chuva para as camadas inferiores do solo, onde ela pode ser armazenada, filtrada e disponibilizada para as plantas e os lençóis freáticos. As áreas permeáveis também evitam que a água da chuva carregue sedimentos, nutrientes e poluentes para os rios, lagos e oceanos, causando a degradação da qualidade da água e dos ecossistemas aquáticos.
Algumas dicas para criar áreas permeáveis são:
Reduzir o uso de superfícies impermeáveis, como concreto, asfalto ou cerâmica, que impedem a infiltração da água no solo e aumentam o escoamento superficial.
Preferir superfícies permeáveis, como grama, pedra, cascalho ou madeira, que permitem a infiltração da água no solo e reduzem o escoamento superficial.
Instalar pavimentos permeáveis, como blocos vazados, lajotas drenantes ou pisos intertravados, que possuem espaços entre as peças que permitem a passagem da água para o solo.
Criar jardins de chuva, que são depressões no terreno, preenchidas com plantas e substratos adequados, que recebem e infiltram a água da chuva proveniente de telhados, calçadas ou ruas.
Alguns exemplos de áreas permeáveis são:
O Parque das Ruínas, em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, que possui um pavimento permeável feito de blocos vazados de concreto reciclado, que permite a infiltração da água da chuva no solo e evita o alagamento do local.
O Jardim Botânico de Brasília, que possui um jardim de chuva com plantas nativas do cerrado, que recebe e infiltra a água da chuva proveniente do estacionamento, melhorando a qualidade da água e reduzindo o impacto sobre o córrego Taboca.
O Parque Linear Tiquatira, na zona leste de São Paulo, que possui uma área permeável com grama e pedra brita, que permite a infiltração da água da chuva no solo e evita o escoamento superficial para o córrego Tiquatira.
QUARTA
Uma quarta prática do paisagismo sustentável é instalar coberturas verdes, que reduzam o efeito ilha de calor, melhorem o conforto térmico e diminuam o consumo de energia com ar-condicionado. As coberturas verdes são camadas de vegetação que são instaladas sobre os telhados dos edifícios, criando um isolamento térmico e acústico, além de um espaço de lazer e de biodiversidade.
As coberturas verdes podem contribuir para a economia de água e energia de diversas maneiras, trazendo benefícios tanto para os proprietários quanto para a sociedade. Por exemplo, as coberturas verdes podem:
Reduzir o efeito ilha de calor, que é o aumento da temperatura nas áreas urbanas em relação às áreas rurais, devido à concentração de edifícios, asfalto e poluição. As coberturas verdes diminuem a absorção e a reflexão da radiação solar, resfriando o ar e reduzindo o aquecimento global.
Melhorar o conforto térmico, ao criar um microclima mais ameno e agradável, diminuindo a variação de temperatura entre o dia e a noite. As coberturas verdes também aumentam a umidade relativa do ar e a qualidade do ar, reduzindo os problemas respiratórios e alérgicos.
Diminuir o consumo de energia com ar-condicionado, ao reduzir a necessidade de refrigeração ou aquecimento dos ambientes internos. As coberturas verdes podem economizar até 30% da energia elétrica usada para climatização dos edifícios.
Captar e reutilizar a água da chuva, que pode ser armazenada em reservatórios ou cisternas, e usada para irrigação das próprias coberturas verdes ou de outros usos não potáveis. As coberturas verdes também retardam o escoamento da água da chuva, evitando enchentes e sobrecarga dos sistemas de drenagem.
Algumas dicas para instalar coberturas verdes são:
Escolher o tipo de cobertura verde adequado ao tipo de edifício, ao clima e ao orçamento disponível. Existem dois tipos principais de coberturas verdes: as extensivas, que são mais leves, simples e baratas, mas possuem uma camada vegetal mais rala e baixa; e as intensivas, que são mais pesadas, complexas e caras, mas possuem uma camada vegetal mais densa e alta.
Verificar a capacidade estrutural do telhado, que deve suportar o peso adicional da cobertura verde, considerando a vegetação, o substrato, a água e os equipamentos. O telhado também deve ter uma inclinação adequada, que permita o escoamento da água excedente.
Instalar uma membrana impermeável sobre o telhado, que evite infiltrações ou vazamentos para os ambientes internos. A membrana também deve ser resistente aos raios ultravioleta e às raízes das plantas.
Instalar uma camada drenante sobre a membrana impermeável, que permita a passagem da água para os sistemas de captação ou escoamento. A camada drenante também deve ter uma função filtrante, que evite o entupimento dos sistemas de drenagem.
Instalar uma camada de substrato sobre a camada drenante, que forneça os nutrientes e a sustentação para as plantas. O substrato deve ser leve, poroso e orgânico, para facilitar a infiltração da água e a aeração das raízes.
Instalar uma camada vegetal sobre a camada de substrato, que seja composta por plantas adaptadas ao clima local, à exposição solar e à manutenção disponível. As plantas devem ser resistentes à seca, ao vento e às pragas.
Alguns exemplos de coberturas verdes são:
O Museu do Meio Ambiente, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que possui uma cobertura verde extensiva com plantas nativas da Mata Atlântica, que reduz o consumo de energia elétrica em 20%.
O Edifício Harmonia 57, em São Paulo, que possui uma cobertura verde intensiva com plantas ornamentais e comestíveis, que cria um espaço de convivência e de produção de alimentos orgânicos.
O Edifício Sede da Caixa Econômica Federal, em Brasília, que possui uma cobertura verde extensiva com gramíneas, que capta e reutiliza a água da chuva para irrigação e descarga dos sanitários.
QUINTA
Uma quinta prática do paisagismo sustentável é integrar painéis solares ou eólicos ao projeto paisagístico, que gerem energia limpa e renovável para iluminação, bombeamento ou outros usos. Os painéis solares são dispositivos que convertem a luz solar em energia elétrica, por meio do efeito fotovoltaico. Os painéis eólicos são dispositivos que convertem a energia cinética do vento em energia elétrica, por meio de turbinas.
A integração de painéis solares ou eólicos ao paisagismo sustentável pode contribuir para a economia de água e energia de diversas maneiras, trazendo benefícios tanto para os proprietários quanto para a sociedade. Por exemplo, a integração de painéis solares ou eólicos pode:
Reduzir o consumo de energia elétrica proveniente de fontes não renováveis, como combustíveis fósseis ou hidrelétricas, que causam impactos ambientais negativos, como emissão de gases de efeito estufa, poluição do ar e da água, desmatamento e alteração dos ecossistemas.
Gerar energia elétrica suficiente para suprir as necessidades dos sistemas de irrigação, iluminação, climatização ou outros usos dos espaços verdes, tornando-os mais autônomos e eficientes.
Armazenar o excesso de energia elétrica gerada em baterias ou injetá-lo na rede elétrica, podendo ser usado em outros momentos ou vendido para as concessionárias, gerando renda extra.
Algumas dicas para integrar painéis solares ou eólicos ao paisagismo sustentável são:
Escolher o tipo de painel solar ou eólico adequado ao tipo de edifício, ao clima e ao orçamento disponível. Existem dois tipos principais de painéis solares: os fotovoltaicos, que geram energia elétrica diretamente da luz solar; e os térmicos, que geram calor a partir da luz solar, podendo ser usado para aquecimento de água ou ar. Existem também dois tipos principais de painéis eólicos: os horizontais, que possuem pás paralelas ao solo; e os verticais, que possuem pás perpendiculares ao solo.
Verificar a viabilidade técnica e econômica da instalação dos painéis solares ou eólicos, considerando a incidência solar ou a velocidade do vento no local, a área disponível para a instalação, o custo dos equipamentos e da mão de obra, o retorno do investimento e os incentivos fiscais ou financeiros existentes.
Instalar os painéis solares ou eólicos em locais adequados, que recebam a maior quantidade possível de luz solar ou vento, sem sombreamento ou obstrução. Os painéis solares devem ser instalados preferencialmente em telhados, fachadas ou estruturas elevadas. Os painéis eólicos devem ser instalados preferencialmente em locais altos, abertos e afastados de edifícios ou árvores.
Integrar os painéis solares ou eólicos ao projeto paisagístico, buscando harmonizar os aspectos estéticos, funcionais e ambientais. Os painéis solares ou eólicos podem ser usados como elementos decorativos, lúdicos ou educativos, criando formas, cores, sons ou mensagens. Os painéis solares ou eólicos também podem ser combinados com plantas ou outros materiais naturais, criando contrastes ou complementos.
Alguns exemplos de integração de painéis solares ou eólicos ao paisagismo sustentável são:
O Parque Solar da Usina do Gasômetro, em Porto Alegre, que possui um conjunto de 40 painéis solares fotovoltaicos instalados sobre uma estrutura metálica em forma de flor, que gera energia elétrica suficiente para iluminar o parque à noite.
O Parque Eólico da Praia do Paiva, em Cabo de Santo Agostinho, que possui um conjunto de 10 painéis eólicos verticais instalados sobre postes coloridos, que gera energia elétrica suficiente para alimentar os sistemas de irrigação e iluminação do parque.
O Jardim Sensorial do Museu Inhotim, em Brumadinho, que possui um conjunto de 16 painéis solares térmicos instalados sobre uma estrutura de bambu, que gera calor suficiente para aquecer a água dos chuveiros e das fontes do jardim.
Conclusão:
O paisagismo sustentável é uma forma de criar espaços verdes que sejam não apenas bonitos, mas também funcionais, econômicos e ecológicos. O paisagismo sustentável busca respeitar e valorizar o meio ambiente, a biodiversidade e a cultura local, contribuindo para a preservação dos recursos naturais e para a promoção de ambientes mais saudáveis e agradáveis.
Neste artigo, apresentamos algumas práticas e técnicas do paisagismo sustentável, tais como:
Escolher plantas nativas ou adaptadas ao clima local, que demandem menos água e manutenção.
Utilizar sistemas de irrigação inteligentes, que aproveitem a água da chuva, reutilizem a água cinza ou usem sensores de umidade para controlar a quantidade de água aplicada.
Criar áreas permeáveis, que favoreçam a infiltração da água no solo e evitem o escoamento superficial e a erosão.
Instalar coberturas verdes, que reduzam o efeito ilha de calor, melhorem o conforto térmico e diminuam o consumo de energia com ar-condicionado.
Integrar painéis solares ou eólicos ao projeto paisagístico, que gerem energia limpa e renovável para iluminação, bombeamento ou outros usos.
Essas práticas e técnicas podem ser aplicadas em diferentes tipos de espaços verdes, como jardins, parques, praças, telhados ou fachadas, criando soluções criativas, inovadoras e sustentáveis.
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